PlayStation 3
Desenvolvimento: Square Enix | Publicação: Square Enix
Site oficial | 1 Jogador | Lançamento: 9/3/10
Também para: Xbox 360
Focus incompleto
Ir a um encontro com Final Fantasy por mais singular e desligado doutros é, em sua maioria, reconhecer ícones e certas tradicionalidades. Mudanças em muitos casos podem ser bem vindas, como também podem ser divisoras d’água: enquanto uns acham Final Fantasy XIII um bom/ótimo capítulo, outros assistem uma das séries de maior sucesso do gênero entrar numa dita decadência. Antes duma dissertação mais abrangente, relato que gostaria de ter sido mais feliz após 52 horas registradas.
Em FFXIII somos apresentados a duas civilizações em planetas distintos, Cocoon e Gran Pulse. Os heróis, oriundos de Cocoon, vêem ao seu redor uma humanidade cujo pilar para uma sobrevivência cômoda existe graças a entidades conhecidas como Fal’Cie. Estes seres, e usuários da magia, também coexistem em Gran Pulse, porém são considerados inimigos de Cocoon dado a um histórico conturbado com o planeta acima. A questão principal é que os tais Fal’Cie possuem a capacidade de escolher humanos e obrigá-los a exercerem um Focus, ou um objetivo que se não cumprido a tempo causa a transformação dos mesmos num Cie’th, que por sua vez trata-se da perda da humanidade e transformação num monstro; caso o objetivo seja cumprido a pessoa cai em sono eterno com o corpo totalmente cristalizado — salvação é utopia. A irmã de Lightning, Serah, foi marcada como uma La’Cie (nome dado aos escolhidos) por um Fal’Cie de Gran Pulse, e automaticamente precisa descobrir sua missão ao tempo que torna-se uma inimiga de seu próprio mundo.
Envoltos nestas questões de objetivo sob “tempo limite” a história acaba tomando rumos até que esperados, mas no final do dia o desfecho foi um de pouca surpresa, algo que acabou duma forma simples e mais abrupta do que imaginara. A falta de carisma por aquele que supostamente é tratado como antagonista principal, ou diálogos mornos entre protagonistas, atuam como exemplares do que pode ter ajudado negativamente neste aspecto. Mesmo assim o gás que consegui tirar da constante linearidade foi no mesmo enredo. Gosto de alguns personagens como principalmente Lightning, Snow e Fang, de seus lados destemidos face aos problemas, a opressão e contestação desta.
Venha sentir o gosto da minha Gunblade!
Dizer que a questão de “ser apenas um corredor” é exclusiva em FFXIII é fechar os olhos para um futuramente relançado Final Fantasy X e decisões de design aplicadas similarmente quanto a progressão em ambos. Todavia, diferente de FFX, o primeiro capítulo da saga envolvendo Lightning obriga você a seguir “em linha reta” deixando como opção lutar, lutar, eventualmente coletar tesouros que em sua maioria são de localização branda, e assistir a cutscenes. Até umas boas horas e a chegada num determinado capítulo isso será uma cansativa constante, embora um pouco amenizada pelas muitíssimo bem trabalhadas cenas em computação gráfica e a vontade de ver o desfecho das coisas, conforme anteriormente citei.
Olhando esse mapa para explorar até dá uma alegria
É engraçado ver o episódio anterior e também bem sucedido, FFXII, menos arbitrário, de mapas grandes e interessantes. Mas RPG não é isso? adentrar num mudo fantástico de corpo e alma, sentir-se submerso e envolvido, com linhas mais tênues sobre o que pode ou não pode ser feito. Mesmo mais tarde, quando a jornada fica menos pálida e tem uma cor mais viva, o que o jogo lhe dá é apenas um punhado de missões para derrotar monstros específicos, mas isso você já demasiadamente fizera durante a maior parte do tempo até chegar ali, então a empolgação é algo difícil de encontrar. Alguns podem citar a linearidade encontrada em outros do gênero, mas podem também refletir que mesmo assim em outras opções existem paralelos convidativos, coisas a fazer para deixar um pouco de lado o sempre importante e grande motivo pelo qual aquele grupo de pessoas está unido.
O sistema nomeado Paradigm Shift é uma das coisas relevantes. Cada personagem pode desempenhar um papel como Ravager e Commando, que respectiva e praticamente seriam um mago e guerreiro, e dentro dos confrontos o trio utilizado pode trocar, entre formações efetuadas previamente, com liberdade os papéis escolhidos.
Estale os dedos e de cortes desfira trovões
A ATB, ou Active Time Battle, faz então com que se tenha de tomar as decisões de forma ágil ainda que estratégica. O que peca um pouco e infelizmente é a inteligência artificial; por exemplo Snow está no papel de Sentinel, que serve como protetor da equipe, mas como não tenho controle do movimento sobre meus personagens os demais persistem em por vezes se aproximarem de inimigos e acabam tomando dano, quando deveriam, principalmente quando Ravagers usando ataques de longa distância, se manter a um espaço devidamente seguro. Felizmente porém o restante da equipe, ou a dupla artificialmente controlada, ainda consegue se sair muito bem quando o assunto é ajudar e vencer. Por alguma razão a Square Enix entrega uma tela de game over quando ainda tenho dois membros em ativa; custaria transferir, mesmo que por aquela luta particular, o controle do meu personagem morto para outro e, obviamente, tentar sobreviver naquele duelo?
A exuberância denuncia que não foi gasto pouco. Final Fantasy XIII, mesmo que não me permita explorá-lo da maneira que gostaria, é construído sob um motor gráfico respeitável. As famosas CGs, que desde que foram introduzidas são exemplos de destaque na série, igualmente mostram competência e são as responsáveis por momentos de empolgação, principalmente uma em particular decorrente da transição que antes mencionara. Já as músicas, mesmo que orquestradas ou com vocais, falham na sua maioria em cativar o suficiente para tornar as coisas mais marcantes, memoráveis.
Pelas mudanças aplicadas nas continuações a Square Enix, embora diante de bons números, ou está ouvindo fãs por algo mais agradável, ou então adentrara numa ambiguidade referente a uma personalidade não concretizada e sim múltipla. Como fã é duro dizer que o presente por Final Fantasy XIII merece resignação em prol dos que conheceram, linear ou não, a franquia num formato muito mais apreciável, ou simplesmente em nome daqueles que apreciam um RPG excelente e não apenas mediano.
+
- Final Fantasy XIII (Greatest Hits) por U$21.90 no Play-Asia.
- Espero que em FFXIII-2 ou Lightning Returns possa ter uma experiência mais divertida.
- A faixa My Hands da talentosa Leona Lewis foi usada em FFXIII e consecutivamente ela fez um comercial também!
- Galeria via IGN.
[Via: Critical Hit]